Descrição Técnica

A presente descrição técnica refere-se ao Espaço Miguel Torga que, entre outras actividades, se propõe estudar e divulgar a obra poética e literária de Miguel Torga.

Os muros em xisto (elementos característicos desta zona), desenham os limites do edifício e definem a sua imagem.
O edifício implanta-se a sul dum antigo recinto de feira e tem duas entradas, uma de público (nascente) e uma de serviço (poente), definidas pelo desencontro dos muros. É também possível uma entrada directa para a cafetaria (poente), através dum grande envidraçado, permitindo uma exploração autónoma.
Aproveitando a pendente do terreno, prolongaram-se os muros para norte/nascente, configurando o recinto da feira. 18 árvores modulam este espaço que serve para recinto da feira e que, na maior parte dos dias, funciona como estacionamento de apoio ao Centro Cultural.



O edifício tem dois pisos (um piso térreo e um piso abaixo da cota de soleira), uma área de implantação de aproximadamente 1315m2, uma área exterior para estacionamento/feira de aproximadamente 3115m2 e uma altura variável, dos muros que o configuram, entre 1 metro (estacionamento/feira) e 5,5 metros (edifício).

Em termos programáticos o edifício organiza-se da seguinte forma:
Através da entrada principal e dum pára-vento (7.5m2) acede-se ao primeiro espaço de exposição (310.2m2) com uma proporção de 1 para 2. Este espaço, que funciona como um grande espaço de entrada e simultaneamente de exposição, dá acesso à recepção e espaço para utilização de Internet (14.6m2), à livraria junto à entrada (38.0m2) e à sala de estudo (28.3m2). Através da recepção tem-se acesso à área administrativa do edifício que é composto por um corredor que distribui para dois gabinetes (19m2 cada), uma sala de reuniões (18.9m2) e instalações sanitárias com armário para vestiário (8.1m2). Um pátio virado a nascente/norte serve para iluminar e ventilar a livraria, a área administrativa e a sala de estudo, dando acesso também a uma área técnica e um pátio para o chiller.
Este primeiro espaço expositivo tem continuidade para um segundo espaço com função equivalente (194.5m2), com uma proporção de 1 para 1. Através deste espaço acede-se às instalações sanitárias para o público (masculinas 13.6m2, femininas 15.1m2 e mobilidade condicionada 5.1m2), ao auditório plano (138.4m2) e respectiva régie (8.3m2), a um corredor de acesso privado, ao bar (33.4m2) e cafetaria (43.7m2) e à esplanada exterior (63.0m2). O auditório plano (110 pessoas) está equipado com mobiliário móvel (palco e cadeiras) de fácil transporte e arrumação para que rapidamente se transforme numa sala de exposição, no prolongamento das anteriores. O projector, a tela de projecção e as colunas de som estão embutidos no tecto.
A cafetaria tem uma lotação de 30 lugares e acesso directo para a esplanada exterior (63.0m2) com uma lotação de 32 lugares. O bar tem uma lotação de 12 lugares. Nas paredes foram colocados espelhos de forma a reflectir a paisagem. Um balcão/bar em mármore, devidamente equipado (21.2m2), serve estes dois espaços. Através do balcão/bar acede-se a uma copa de serviço equipada para o efeito (16.2m2).
Através da entrada de serviço (11.8m2) acede-se directamente a um espaço para lixos (2m2), a uma área técnica para o grupo gerador/emergência (5.7m2) e a dois halls. O primeiro (5.0m2) dá acesso a uma instalação sanitária com vestiário/chuveiro para funcionários (10.5m2) e ao bar. O segundo (17.2m2) serve como saída de emergência do auditório, acesso ao corredor dos camarins (masculino 15.0m2 e feminino 15.0m2) (ligação directa ao segundo espaço expositivo) e como único acesso à cave através de umas escadas e de um elevador monta-cargas.
Na cave, um hall (12.7m2) dá acesso à casa das máquinas do monta-cargas (3.4m2), a um pequeno arrumo (1.2m2) e a um amplo corredor (32.5m2) com espaço para montar estantes ou armários com características especiais de armazenamento. Este corredor dá acesso a um armazém (77.2m2) e a dois espaços técnicos (38.5m2 cada) onde estão localizadas as duas principais UTAS (unidades de tratamento de ar) e os restantes equipamentos técnicos. Um pátio, atravessa o edifício verticalmente, servindo como elemento de ventilação e iluminação natural para estes espaços técnicos e para a oficina (8m2).
Construtivamente o edifício é constituído por uma estrutura de betão armado revestido exteriormente a esteios de xisto de Foz-Côa. As paredes interiores estruturais são em betão e as divisórias em alvenaria de tijolo; sobre este sistema fixou-se os acabamentos finais. A cobertura é revestida com uma camada de godo de xisto.

Em termos de acabamentos o edifício é constituído por:
salas de exposição - pavimento em soalho do tipo "afizélia, paredes de placa dupla de gesso cartonado e tectos falsos acústicos;
bar, livraria, e sala de estudo - pavimento em soalho do tipo "afizélia, paredes em reboco estanhado e tectos falsos acústicos;
gabinetes - pavimento em soalho do tipo "afizélia, paredes em reboco estanhado e tectos falsos.
auditório - pavimento em soalho do tipo "afizélia", paredes de placa dupla de gesso cartonado e tectos falsos acústicos.
Instalações sanitárias e vestiários - pavimento autonivelante, paredes em azulejo e tectos falsos de gesso cartonado.
espaços de serviço/apoio, como zonas técnicas, zona de cargas e descargas, armazéns, circulação - pavimento autonivelante, paredes reboco estanhado, tectos revestidos a reboco areado fino e por vezes tecto falso em gesso cartonado.
pátios técnicos - pavimento em betonilha, paredes revestidas a reboco areado com isolamento.
As portas são em madeira para lacar e quando necessário pára-chamas ou corta-fogo. Os armários e as estantes são em Mdf lacados.
No bar e na recepção os balcões são em mármore tipo Estremoz primeira escolha.
No exterior, os caixilhos são em ferro na entrada principal, e em alumínio na zona administrativa, livraria, sala de estudo e bar/cafetaria. Com excepção da entrada principal todos os vãos exteriores são equipados interiormente com estores do tipo sun screen , de controle automático e remoto.

Todos os espaços expositivos, auditório, cafetaria, sala de estudo, livraria, gabinetes e sala de reunião têm um pé direito de 3 metros. As restantes áreas variam entre 3 metros e 2.20 metros

Os espaços expositivos e o auditório estão equipados com uma calha de iluminação contínua que reflecte a luz indirectamente para toda a parede, embutida no tecto a aproximadamente 1.5 metros de distância da parede. Uma calha eléctrica acompanha toda a calha de iluminação permitindo assim aplicar em qualquer ponto e quando necessário focos para iluminação pontual e directa. Existem caixas de pavimento com tomadas em todos os espaços expositivos junto às paredes e no centro da sala permitindo assim flexibilidade na montagem de exposições.
Os dois espaços expositivos, a cafetaria e o auditório estão equipados com colunas de som, localizadas no tecto, sendo que no auditório são invisíveis
Na recepção estão localizados os controles para o sistema de som, iluminação de praticamente todos os espaços e sistema de vídeo vigilância.

O edifício tem 3 saídas de emergência, a primeira na porta principal, a segunda através do envidraçado do segundo espaço expositivo (com acesso para a esplanada exterior) e a terceira na porta de serviço.


Biografia - Eduardo Souto de Moura

Eduardo Souto de Moura nasce no Porto (Portugal) a 25 de Julho de 1952.
Licencia-se em Arquitectura pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto em 1980.
Colabora com o arquitecto Noé Dinis em 1974.
Colabora com o arquitecto Álvaro Siza Vieira desde 1975 a 1979.
Colabora com o arquitecto Fernandes de Sá de 1979 a 1980.
De 1981 a 1991 trabalha como Professor Assistente do curso de Arquitectura na FAUP.
Inicia a actividade como profissional liberal em 1980.
Professor convidado em Paris-Belleville, Harvard, Dublin, Zurich e Lausanne.
Recebeu vários prémios e participou em vários Seminários e Conferências em Portugal e no estrangeiro. Em 2011 recebe o Prémio Pritzker e em 2013 o Prémio Wolf.